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quarta-feira, 10 de março de 2010

Mulheres de Cabul - Depoimentos sobre a vida das mulheres no Afeganistão





Fersitta: "Não posso expressar meus sentimentos ou saber bem o que quero. Às vezes, torcemos para que um governo como o de Massoud retorne ao poder e os Talebans sejam destituídos. Talvez, com o tempo, os Talebans venham a adquirir mais confiança em seu domínio e permitam às mulheres que saiam à rua. Ou, talvez, um novo governo assuma o poder e acabe com toda essa violência. Nós queremos paz e liberdade no Afeganistão. Quando vemos mulheres ocidentais em Cabul, as consideramos pessoas de sorte. Respeitamos os estrangeiros que vêm ao Afeganistão, pois o lugar é horrível. Sentimos muita tristeza por não termos nada."

Fahrida: "Há oito anos, quando eu tinha sete anos de idade, saí para brincar com minhas amigas. Não estávamos fazendo nada de errado - só brincando numa rua tranqüila - quando a bomba caiu. Ela matou minhas duas amigas, o sangue delas estava em toda parte, e eu me lembro daquele dia e das coisas ruins que vi. Você consegue imaginar?"

Latifa: "Um dia, uma menina saiu da aula e começou a descer a rua. De repente, um carro cheio de Talebans estacionou. Eles a agarraram, começaram a revistar suas sacolas e a gritar com ela. Queriam saber quem a estava ensinando. Foi acusada de estudar Cristianismo. Ela chorou muito. Não bateram nela, talvez por ser tão pequena. Mas empurraram a menina de um lado para o outro, atiraram ao chão a sua sacola e depois jogaram a menina no chão. Ela ficou apavorada, mas não disse em momento algum onde estivera. Eu assistia a tudo pela janela. Não podia fazer nada; se fosse ajudá-la, eles teriam me espancado ou levado presa. Aquela garotinha foi muito corajosa em suportar tudo sozinha."

Sovita ( dez anos ): "Se eu tivesse poder e fosse uma comandante e um Taleban me interpelasse, eu o executaria."

Aqela: "Esta burkha é tudo o que posso comprar, então tenho de dividi-la com minhas filhas. Temos de nos revezar se for preciso sair de casa! Mas a situação poderia ser pior: conheço mulheres que ficaram desesperadas a ponto de tirarem suas próprias vidas. Elas usam veneno para se matar, e algumas chegam a envenenar também a comida que dão para seus filhos."

Nooria: "Se eu tiver filhos, quero que freqüentem a escola e recebam uma educação. Crianças que estudam conseguem entender melhor os direitos das mulheres. Ensinarei meus filhos a respeitarem os direitos femininos. As mulheres nos dão a vida. Também quero que tenham profissões e sejam bem-sucedidos. Aconselharei meus filhos para que respeitem todas as pessoas e não sejam cruéis com as mulheres. Esse era o problema dos Talebans. Eram ignorantes e não tinham respeito pelas pessoas. Apenas governavam através do medo."

Shafika Habibi:"Uma grande pergunta que me faço é: porque não vou embora? A maioria das pessoas instruídas já deixou o país. Acho que fico porque sou uma mulher religiosa. Também fico porque, se todas as mulheres instruídas fossem embora, que esperança restaria às demais? É nossa responsabilidade trabalhar junto ao Taleban para conseguir melhorias."

Zargoona:"Quando começaram os bombardeios dos EUA, muitas janelas deste quarteirão se quebraram e a maioria das pessoas foi embora por medo. Mas eu não tinha dinheiro, e de qualquer maneira já não me importo mais em viver ou morrer. A vida me trouxe tanto sofrimento que eu gostaria que uma bomba dos EUA me matasse. Se meu filho não estivesse aqui, eu me mataria. Essa vida não tem sentido para mim. Não significa nada. Sendo assim, por que haveríamos de nos importar com o governo do país? Ainda hoje, não existe paz neste país. Eles já estão guerreando entre si. Por que esse novo governo haveria de ser melhor do que o anterior? A Aliança do Norte também não presta."

Latifa ( 2001 ):"Às mulheres de todo o mundo: por favor, ajudem as mulheres afegãs. Acabamos de sair à luz após um longo período de escuridão. Por favor, não se esqueçam de nós. Aprendam conosco, para que nosso sofrimento não se repita jamais."

Obs.: Todas as imagens e informações aqui contidas, foram tiradas do livro: Mulheres de Cabul ( Harriet Logan ) - Ediouro

2 comentários:

  1. Obrigada pelo carinho no meu blogue :)

    É triste saber que mulheres como nós sofrem dessa forma. Muitas vezes são tratadas abaixo de cão por capricho da sociedade.

    beijinho*

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  2. Bonita esta postagem uma realidade que por vezes esquecemos...
    Bjs

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